domingo, 25 de fevereiro de 2007

Uma questão de tempo


Toda a nossa vida gira em função do tempo - de um dia de 24 horas, de 12 meses distribuídos ao longo de um ano, de anos e anos que compõem a nossa vida.
Na profissão de um professor, o tempo assume uma importância ainda maior. O ano de um professor começa quase no final do ano de um cidadão comum. É tempo de planificar, prever o tempo que se demorará a falar deste ou daquele assunto, de quanto tempo se dedica à avaliação dos conhecimentos, do tempo em que perdemos a explicar uma e outra vez a alunos que parecem não estar presentes na sala (pelo menos em espírito).
O tempo vai passando e damos conta que estamos mais atrasados nesta turma ou mais adiantados naquela. E assim alteramos ou reformulamos a planificação. No fundo, estamos sempre a fazê-lo...
O tempo vai passando e são os testes que surgem para corrigir. E quando pensávamos que poderíamos descansar um pouco, logo chega a segunda ronda de fichas para elaborar e/ou corrigir.
Toda a nossa vida é guiada em função do tempo - tempo para dedicar à família, tempo para dedicar aos amigos, tempo para dedicar à profissão, tempo para dedicarmos a nós próprios. E às vezes, parece que o tempo não chega para tudo e no entanto temos a sensação de andar sempre a correr para conseguir fazer tudo o que estava previsto.
Dizem que o dia tem 24 horas. Às vezes duvido, acreditam? Ainda ontem era Sábado e já amanhã é Segunda-feira. Quase não tive tempo de desfazer o saco que transporta as minhas coisas nestas viagens de fim de semana, que mais parecem visitas relâmpago... Estamos a fazer algo e logo o nosso pensamento planifica a próxima actividade ou até mesmo as seguintes.
Talvez o tempo seja o factor que mais influencia o stress, esta corrida que caracteriza o ser humano e que não o deixa parar e apreciar as coisas boas da vida - a família, os amigos, a Natureza em geral. Talvez a culpa seja nossa que deixamos que o tempo tome conta de nós. Talvez, mas o que a mim me parece é que o tempo parece voar. Já repararam que estamos a um mês deste período terminar? E para o final do ano? Nem vale a pena pensar...


Talvez o melhor conselho seja mesmo aproveitar o nosso tempo, da melhor maneira possível, não esquecendo de dar valor às coisas realmente importantes da nossa vida.


A propósito destas reflexões sobre o tempo deixo-vos este link, que há pouco tempo recebi por mail. Divirtam-se...


domingo, 18 de fevereiro de 2007

Direcção de Turma

Já não é novidade para aqueles que têm o hábito de por aqui passar do Cargo (com maiúscula para parecer importante) que este ano me saiu - sou Directora de Turma!

A turma é de 7º ano, de 27 alunos e um desconhecido. É um aluno que nunca apareceu e nunca ninguém passou pela escola para esclarecer a sua situação. A desvantagem desta turma é que, se estivessemos em avaliação, eu já não poderia esperar uma boa nota devido a este abandono (Bolas, lá se foram os 25 mil euros do prémio de desempenho!).
Não é uma turma complicada no que fiz respeito a comportamento. Já no que toca ao aproveitamento, enfim, acho que deve ser do vírus que por aí passa e os contagia a todos - estudar não é com eles. Em relação aos Encarregados de Educação não tenho nada a apontar. Ou melhor, noto um certo desinteresse pelos seus educandos. Não me procuram, não querem informações. Ou os filhos contam tudo em casa, ou então... quando o filho reprovar no final do ano talvez se perguntem porquê. Não será um pouco tarde?

Como Directora de Turma sei que tenho alguns deveres, mas corrijam-me se estou enganada, eu penso que não sou a responsável pela falta de estudo da minha Direcção de Turma. No meu ponto de vista, cada professor, na sua aula, tem o dever de chamar a atenção aos alunos e de avisar os respectivos encarregados de educação do trabalho realizado. Gosto de ser informada, claro, mas não me parece que seja eu a responsável. Revolta-me que em cada intervalo se dirijam a mim para fazer estas queixas e com comentários do género: "Os teus meninos não estudam, estás tramada!".

Em contrapartida, em determinadas situações têm a capacidade de "saltar por cima" do Director de Turma. A última é, a meu ver, um pouco caricata. Talvez nunca tenha comentado por aqui, mas um grupo de alunos da minha Direcção de Turma não gosta de aulas de substituição (como eu os compreendo) e simplesmente não comparecem nessas aulas. Os Encarregados de Educação estão informados de todas as faltas que estes alunos têm nas várias disciplinas em que o professor se ausentou e, aparentemente, não demonstram nenhuma preocupação. Ora, há algumas semanas atrás uma professora desta turma resolveu fazer queixa ao Conselho Executivo destas ausências. Como consequência o Presidente, que nessa mesma hora se dirigiu à turma, ameaçou-os com um dia de suspensão por cada 5 faltas (para terem uma ideia a professora substituta de Matemática, que também lecciona Estudo Acompanhado e Área de Projecto, demorou 3 semanas a ser colocada)! Ninguém me disse nada, ninguém me pediu satisfações, ninguém me chamou a atenção para o facto, nem colega, nem presidente. Sei o que aconteceu pela boca dos meus alunos que apenas comentaram (eles não são de fazer queixas). Por sorte (ou azar, pois gostava de saber onde isto iria dar) ainda mais nenhum professor faltou. O que eu sei é que neste momento a minha turma é considerada uma turma muito "jeitosa"! E outras situações, bem mais graves que se passam nesta escola continuam impunes...

Em mãos tenho uma preocupação relacionada com 2 alunos que têm faltado muitas vezes. Nem eu, nem os pais, estamos a conseguir resolver a situação. Eles não dizem o que se passa, mas parece-me que o caso é grave. Espero estar enganada!


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Estamos em interrupção lectiva e de certeza que bem merecida para todos nós, que até há bem pouco tempo andávamos atulhados em testes!
Gozem bem esta pausa, porque "A vida são 2 dias e o Carnaval 3"!
Não sei se será impressão minha, mas quer-me parecer a mim que este período está a passar muito depressa, já para não falar do ano lectivo...
Pessoalmente não gosto muito do Carnaval, mas a todos quantos anseiam por esta época espero que se divirtam! Aproveitem!


sábado, 10 de fevereiro de 2007

A autoridade e o respeito (ou falta dele) na escola

Autoridade

sem ela o homem não pode existir e,
contudo, é coisa que traz consigo tanto de erro como de verdade.

Johann Wolfgang von Goethe, in 'Máximas e Reflexões'

Fala-se em autoridade e no peso que ela tem ou deveria ter na escola.
Há alguns anos o professor era entendido como a autoridade máxima, que todos respeitavam e veneravam pela sua figura - a do educador/formador. A palavra do professor era lei e era com orgulho que o povo, na sua humildade, oferecia ao senhor professor frutos do seu trabalho.

Os anos passaram e não sei como (um Katrina, talvez) passou pela Educação e essa figura do professor já não existe, ou pelo menos a sua figura de autoridade. Os tempos são outros, é verdade. O professor não pode sequer levantar a voz ao aluno, que logo chega o seu encarregado de educação a querer tirar satisfações, porque o menino até pode ficar traumatizado.

É certo que nesses anos passados a autoridade por vezes caía no exagero e a violência era demasiada, num local que se queria de aprendizagem. Mas hoje também se pode falar no exagero que existe de falta de autoridade e de falta de respeito.
Os nossos alunos são caracterizados por uma falta de respeito, por um ar de arrogância que os faz ter a "resposta na ponta da língua" sempre que um professor o chama à atenção. E então surgem os casos de violência, que algumas "almas inocentes" querem fazer crer que são casos únicos, isolados.
O professor tenta por todos os meios que legalmente tem à sua disposição fazer valer a sua autoridade, dentro e fora da sala de aula, mas por vezes, autoridades superiores parecem querer diminuir essa autoridade do professor. Há turmas complicadas em termos de comportamento e atitudes. No fundo, quem é que ainda não se cruzou com alguns alunos ditos "complicados"? Por isso é importante punir quem não respeita, quer colegas, quer superiores. E em certas situações não o deixar ficar impune, correndo o perigo de abrir precedentes.

Esta situação aconteceu esta semana. Estes foram os factos que se contaram.
Uma aluna foi chamada à atenção por uma funcionária sobre o facto de se estar a fazer acompanhar por um rapaz não pertencente à escola, logo sem autorização para estar dentro da escola. A aluna parece que não gostou e começou a agredir a dita funcionária, quer verbal quer fisicamente. Uma outra funcionária (por sinal, com um pouco mais de idade) apercebeu-se e foi separá-las, acabando por também ela ser agredida da mesma forma. Ficou de rastos a senhora, até metia dó (é talvez a funcionária mais simpática e prestável de toda a escola). Ninguém na sala de professores se apercebeu, ninguém viu nada. A aluna em causa parece ser do 6º ano. Mas o problema é que parece que o Conselho Executivo, que entretanto soube da ocorrência, se vai limitar a fazer uma mera repreensão. Não me parece correcto, pois no meu ponto de vista o caso é sério e a medida a aplicar deveria ser severa. Pode ser que tenha sido um mero boato, pode ser que eles pensem melhor no caso, mas se tal não acontecer onde fica aqui a autoridade da escola, dos professores e dos funcionários, perante um caso evidente de falta de respeito e falta de educação? Não poderá ser este o rastilho que todos receiam? Não quero ser alarmista, mas pelas histórias que se vão ouvindo é caso para nos pormos a pensar...

Mas a violência também existe entre eles próprios. Há uns posts atrás falava no clima que se vivia na minha escola, fruto de desavenças entre os alunos da escola básica e os da escola secundária. Falava-se num rastilho de pólvora, prestes a incendiar. Algumas semanas se passaram e logo outra situação se sucedeu. Um dia, na parte da tarde, cerca de 20 alunos de uma escola de uma freguesia vizinha apresentaram-se, armados de bastões, vidros e sabe-se lá mais o quê, para um ajuste de contas. A situação foi controlada, mas a preocupação permanece pois não se sabe quando se voltará a repetir.

Como prevenção a escola resolveu contactar a GNR, pois sendo uma autoridade, sempre poderia garantir alguma segurança nas imediações da escola. A resposta foi clara: provavelmente estão a exagerar um pouco a situação, e isso não passa de brincadeiras de garotos. Pois, e assim a escola permanece sem qualquer segurança, quer para os alunos, quer para o pessoal docente e não docente!

domingo, 4 de fevereiro de 2007

A Escola e a Publicidade

Aluno: "Ó professora sabia que uma vaca tem 4 estômagos?"


Aluno: "E que as vacas conseguem subir escadas, mas não conseguem descer?"


Aluno: "E sabe como se diz vaca em latim?"


Professora: "Estás muito atento à televisão. E quanto à matéria? Qual a diferença entre massa e peso?"


Aluno: "..."



Andamos nós dia após dia a tentar "meter" alguns conceitos na cabeça dos garotos. Afinal basta uma simples publicidade e logo eles aprendem o texto todo! Até pensei em disfarçar-me...



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A época é de trabalho, não é difícil de adivinhar - TESTES! Assim, que os papéis "desaparecerem" de cima da secretária faço uma visita aos vossos cantinhos.
A todos uma boa semana!