Às vezes penso que esta profissão é muito ingrata. Damos o que temos e o que não temos e nada recebemos em troca. Não estou a falar de aumento do ordenado, nem de uma colocação melhor, mas às vezes uma palavra de apoio ou o recebimento de uma manifestação de apreço por aquilo que fazemos. Na verdade estamos a formar os homens e mulheres de amanhã e não há ninguém que o reconheça!
Este post é resultado de uma reflexão pessoal sobre os posts que a
Professorinha (colega bloguista) tem publicado no seu cantinho. A desilusão é notória a quem por lá passe, mas não é única (infelizmente) porque no fundo todos acabamos por a sentir. Esforçamo-nos por desenvolver aulas motivadoras para o estudo, por utilizar as últimas "novidades" do campo da pedagogia, associadas às últimas tecnologias. Tentamos tornar as nossas aulas modernas e na prática os nossos alunos não ligam a mínima para esse esforço.
No início de carreira, lembro-me de ouvir dizer que aquelas ideias todas e a vontade de trabalhar iam desaparecendo com o tempo, que no fundo, isso era fruto da idade, e da novidade de ter acabado o curso. Na altura pensava que não, que essas atitudes estavam com a pessoa e que dependia dela não as perder. Hoje sei bem que não é assim. Eu ainda tenho essas atitudes, essa vontade de inovar, e trabalho com colegas que também as têm, mas de facto os nossos alunos não se interessam por uma aula diferente, por uma metodologia de trabalho que fuja da rotina. Hoje os nossos alunos não querem trabalhar, não querem fazer o mínimo esforço e é natural que fiquemos desanimados, desiludidos.
No outro dia, em conversa na escola, falava-se da utilização de projectores na sala de aula e aulas em power point, tecnologia que parece estar em franco desenvolvimento, havendo algumas escolas que já estão a apostar neste campo. Alguns colegas confessavam que não viam interesse nisso, não por eles não se interessarem, mas pelo facto dos alunos não o apreciarem. E infelizmente é verdade. Devido ao carácter prático da minha disciplina, tento fazer várias actividades experimentais, que tentam, ou motivar para o estudo, ou comprovar a teoria. Mas de ano para ano noto que nem isso os motiva. Fazem a actividade mas não sabem concretamente o que estão a fazer (apesar de eu ler com eles o protocolo e explicar-lhes ao pormenor em que consiste). Simplesmente a escola não lhes diz nada. A juntar a isto tudo está a má educação que parece ser crescente nos nossos alunos, a resposta sempre pronta na ponta da língua, a falta de respeito pelo trabalho desnvolvido. Enfim... Parece que em vez de melhorar, está a piorar.
Ainda não perdi a esperança, e apesar de por vezes me sentir desanimada no fim de uma aula, ainda mantenho a esperança que com a próxima turma seja diferente. Ou então, no próximo ano... Ser positiva acima de tudo (mas até quando?).
A lenda conta que no fim do arco-íris encontramos um pote de moedas de ouro. Não, não é isso que eu procuro. O que eu desejo mesmo é encontrar uma escola onde um professor seja valorizado pelo seu trabalho, onde os alunos se interessem por aprender e até mesmo por ensinar, onde haja respeito por todos. Dizem que é difícil encontrar o fim do arco-íris, quem sabe não tenho sorte?! Alguém me quer acompanhar?
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Finalmente foi publicado e parece que entra hoje em vigor!
Lutamos, gritamos, manifestamos, mas parece que ninguém nos ouviu. O ensino não anda bem em Portugal, e a culpa pelos vistos é dos professores. Até pode ser, porque na vida há sempre um justo que paga pelo pecador ( e bem sabemos que existem colegas menos correctos). Mas antes de nos levantarem o dedo e nos acusarem, ponham-se na nossa pele, visitem as nossas escolas e passem um dia ao nosso lado, com as turmas com que diariamente temos de lidar. E depois sim, depois acusem-nos de sermos malandros, de não termos competência para ensinar. Mas não nos acusem sem saberem o que é estar diante de 30 garotos que a única coisa em que pensam é divertir-se, falar ao telemóvel, brincar com os colegas e que nos dizem que não estão para nos aturar, porque aquilo que temos para lhes dizer não lhes interessa nada. Sabem uma coisa, cada vez é mais difícil ser Professor neste país...