Falam, falam, falam, falam e não dizem nada. Fico chateada, com certeza que fico chateada!
Tive a reunião intercalar da minha direcção de turma esta semana. Os assuntos a abordar não seriam demorados, mas bolas, uma pessoa fica chateada quando 2 dias antes nos perguntam “Não vai demorar muito, pois não?”, “Tu despachas aquilo rápido, não é?”, e vai-se a ver são esses próprios que mais atraso provocam a discutir aquilo que o professor de Tecnológica costuma chamar baixinho de “discussão sobre o sexo dos anjos”.
Toda a gente está farta de reuniões, eu sei, eu também estou. Ainda para mais porque sendo Directora de Turma me vejo atolada em burocracias e papéis que nunca mais acabam – planos de recuperação para um lado, planos de acompanhamento para outro. E afinal, esses planos servirão para alguma coisa?
O que eu sei é que na minha turma não se verificaram melhorias, bem pelo contrário. Mas que posso eu fazer? Eu não sou mãe deles e vendo bem as coisas, se nem os próprios pais se preocupam, o que se pode esperar destes miúdos?
Desde que o ano começou que não tinha tido “queixa” da direcção de turma que me atribuíram. Repararam no tempo verbal? Pois, não tinha, porque nestes últimos dois meses tem sido demais. Talvez seja melhor fazer uma lista (e mesmo assim corro o risco de me escapar alguma coisa):
- faltas a aulas de substituição, com a consequente queixa de uma professora da turma ao Conselho Executivo, e nenhuma palavra à Directora de Turma;
- alunos que faltam 3 dias seguidos e que escondem dos pais estas faltas, que me mentem e até falsificam as justificações;
- pais que são chamados à escola, encolhem os ombros e me dizem “Que posso eu fazer? Para o ano não o deixo vir para a escola!”;
- pais que não demonstram qualquer interesse pelo aproveitamento do aluno, ao ponto de nem saberem quantas eram as negativas que o educando teve no 1º período e que dizem ao filho “ não assino mais nenhum teste negativo”, como se isso fosse um castigo que levasse esse aluno a obter um aproveitamento satisfatório;
- pais ou parentes próximos (penso que era tio) que dão palpites sobre a forma como se ensina na escola, como se fosse possível estar sentado ao lado de um aluno, a explicar enunciados, numa turma de 28!
- alunos que começam a revelar um comportamento mais irrequieto e até mesmo perturbador na sala de aula, a ponto de um deles receber uma falta disciplinar (segundo o próprio, foram essas as palavras da professora), da qual eu ainda não tomei conhecimento;
- alunos que faltam dias seguidos, supostamente por doença, e que não apresentam qualquer justificação por parte do encarregado de educação. “Oh senhora professora, eu tenho-me esquecido de lhe assinar a caderneta”;
- alunos que têm desentendimentos durante um jogo de futebol em Educação Física, típico destas idades, mas que levam o professor a fazer queixa directamente no Conselho Executivo. Por coincidência, eu estava na escola e soube do assunto, mas será que alguém me iria comunicar alguma coisa?
Porque será que tenho a sensação que sou a última a saber dos acontecimentos. Se sou a Directora de Turma, não devia o processo passar por mim, e eu depois o encaminharia ao Conselho Executivo?
Às vezes sinto-me actriz, melhor, mestre de disfarces (e eu nem aprecio o Carnaval) – ora sou mãe, ora polícia, ora advogada de acusação, ora advogada de defesa, secretária da burocracia, enfim quando arranjarei tempo para fazer aquilo que sei, ser professora?
Afinal, qual é o meu papel nisto tudo?
Tive a reunião intercalar da minha direcção de turma esta semana. Os assuntos a abordar não seriam demorados, mas bolas, uma pessoa fica chateada quando 2 dias antes nos perguntam “Não vai demorar muito, pois não?”, “Tu despachas aquilo rápido, não é?”, e vai-se a ver são esses próprios que mais atraso provocam a discutir aquilo que o professor de Tecnológica costuma chamar baixinho de “discussão sobre o sexo dos anjos”.
Toda a gente está farta de reuniões, eu sei, eu também estou. Ainda para mais porque sendo Directora de Turma me vejo atolada em burocracias e papéis que nunca mais acabam – planos de recuperação para um lado, planos de acompanhamento para outro. E afinal, esses planos servirão para alguma coisa?
O que eu sei é que na minha turma não se verificaram melhorias, bem pelo contrário. Mas que posso eu fazer? Eu não sou mãe deles e vendo bem as coisas, se nem os próprios pais se preocupam, o que se pode esperar destes miúdos?
Desde que o ano começou que não tinha tido “queixa” da direcção de turma que me atribuíram. Repararam no tempo verbal? Pois, não tinha, porque nestes últimos dois meses tem sido demais. Talvez seja melhor fazer uma lista (e mesmo assim corro o risco de me escapar alguma coisa):
- faltas a aulas de substituição, com a consequente queixa de uma professora da turma ao Conselho Executivo, e nenhuma palavra à Directora de Turma;
- alunos que faltam 3 dias seguidos e que escondem dos pais estas faltas, que me mentem e até falsificam as justificações;
- pais que são chamados à escola, encolhem os ombros e me dizem “Que posso eu fazer? Para o ano não o deixo vir para a escola!”;
- pais que não demonstram qualquer interesse pelo aproveitamento do aluno, ao ponto de nem saberem quantas eram as negativas que o educando teve no 1º período e que dizem ao filho “ não assino mais nenhum teste negativo”, como se isso fosse um castigo que levasse esse aluno a obter um aproveitamento satisfatório;
- pais ou parentes próximos (penso que era tio) que dão palpites sobre a forma como se ensina na escola, como se fosse possível estar sentado ao lado de um aluno, a explicar enunciados, numa turma de 28!
- alunos que começam a revelar um comportamento mais irrequieto e até mesmo perturbador na sala de aula, a ponto de um deles receber uma falta disciplinar (segundo o próprio, foram essas as palavras da professora), da qual eu ainda não tomei conhecimento;
- alunos que faltam dias seguidos, supostamente por doença, e que não apresentam qualquer justificação por parte do encarregado de educação. “Oh senhora professora, eu tenho-me esquecido de lhe assinar a caderneta”;
- alunos que têm desentendimentos durante um jogo de futebol em Educação Física, típico destas idades, mas que levam o professor a fazer queixa directamente no Conselho Executivo. Por coincidência, eu estava na escola e soube do assunto, mas será que alguém me iria comunicar alguma coisa?
Porque será que tenho a sensação que sou a última a saber dos acontecimentos. Se sou a Directora de Turma, não devia o processo passar por mim, e eu depois o encaminharia ao Conselho Executivo?
Às vezes sinto-me actriz, melhor, mestre de disfarces (e eu nem aprecio o Carnaval) – ora sou mãe, ora polícia, ora advogada de acusação, ora advogada de defesa, secretária da burocracia, enfim quando arranjarei tempo para fazer aquilo que sei, ser professora?
Afinal, qual é o meu papel nisto tudo?
13 comentários:
O trabalho de um DT é muito ingrato, pricipalmente, porque nos responsabilizam por algo que os próprios pais não se preocupam em casa, a educação dos filhos!! A verdade é que a maior parte dos pais com quem, até hoje, falei (e já é a 4ª DT que tenho), não se preocupam minimamente com os filhos, isso cabe à escola, dizem eles!!! O problema das justificações também me acontece, assim como faltas quando são convocados a comparecerem na escola, mas, existe algo que eles não gostam mesmo nada, que é quando se lhes liga para o trabalho e se diz que é da escola e queremos falar com eles... Aí ganham vergonha e aparecem logo e mostra-se o que os "anjinhos" deles têm andado a falsificar, etc... E a frase "hoje foi uma justificação de falta, amanhã pode ser um cheque" abala um bocado a mente destes pais brilhantes que se descartam da educação dos seus filhos...
Resta-me desejar-te força e que nunca te esqueças da base da nossa profissão: "Educar"...
Fica bem
Bem, isso não deve estar a ser nada fácil. Só pela descrição... Temos de continuar a ter força. Espero que as coisas melhorem. Bom fim de semana
Não é nada fácil, percebo... Tenho pena é que não compense, de forma alguma... :(
Às vezes o trabalho compensa, outras nem por isso... Mas força! "Depois da tempestade vem a bonança"...
Bjinhs*
p.s - parabéns pela música aqui no blog, é muito boa!
Num dia de chuva como este mais vale ficar em casa e escrever palavras ao vento.
Bom Domingo
Beijo
Sabes Patrícia, não é fácil, mas apesar de tudo, há momentos que compensam, momentos que valem a pena. Por isso, enquanto os houver...
Eu nunca fui DT, mas imagino que seja dificil...
O que mais me assusta é que uma dia quando me calhar (tenho esperanças de andar por ca tempo suficiente para isso!) não haja ninguém para me ensinar a ser essas coisas todas!!!
Beijitos e uma boa semana
Ainda bem que ainda há alguns momentos que compensam...Fico feliz... :)
Ainda bem que pensa assim... Há muitas pessoas que vivem embaladas no pessimismo e, isso não lhes vale de nada... Só traz infelicidade...
Devemos ter não só a capacidade de dizer o que está mal, mas também de revelar as coisas boas que nos rodeiam...
Sinceramente, eu acho que vale sempre a pena... Eu tento e, normalmente, consigo sempre encontrar algo de bom em cada dia...
Bjinhs***
Eu continuo a dizer que isto de ser professora é saber exercer várias profissões ao mesmo tempo sendo que a de professor (ensinar, portanto) é a última a poder ter-se em conta!!
Boa sorte com essa Direcção de Turma cada vez mais complicada!
Beijinhos :)
Boa semana!
Esperemos por melhores dias. Esperemos que os pais resolvam ser pais em todos os sentidas e não apenas para fazer os filhos.
Com dizia um mestre que conheci:"É difícil educar os filhoa mas pior é educar os pais" .
A educação começa em casa e não na escola.
Um abraço e força.
Agora o poukosciencia está neste sítio;
http://poukosciencia.wordpress.com/
A direcção de turma é um cargo ingrato. Todos esperam que o DT, por artes mágicas quiçá, resolva os problemas da turma mas ninguém colabora desde EE aos próprios colegas.
Ser professor não é fácil. Ser professor e D.T. deve ser bastante complicado. a verdade é que, com tanta papelada e cansaço ddas aulas, pouco tempo e condições físicas e psicológicas nos resta para dedicarmos ao que essencial: ensinar.
Enfim...
Força!
*Beijinhos*
No último CT mandaram-me calar... Há coisas que têmc sitio certo para ser ditas e um deles é o CT. E quem cala, consente!!
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