terça-feira, 15 de abril de 2008

Os pais de uma Direcção de Turma

Se pensarmos que a maior parte do tempo dos nossos alunos é passado na escola, os professores assumem uma responsabilidade bem grande. Em alguns casos bem maior que alguns pais que saem pela manhã, bem cedo, e chegam a casa noite dentro.

Não pensem os pais que estou a tê-los em menor consideração, afinal são pais, mas devem compreender que, em muitos casos, são os professores que se apercebem dos problemas, é com eles que os seus filhos desabafam e muitas vezes também desatinam.

A figura do Director de Turma é por vezes um pouco ingrata, pois se por um lado pode criar um laço de amizade com a sua turma, tem ao mesmo tempo de exercer da sua autoridade, chamando-os a atenção, "puxando" as orelhas ou até mesmo fazendo má cara por comportamentos e atitudes que muitas vezes os alunos apresentam.

A sua função obriga-o também a lidar com os pais de uma forma mais directa. De todas as funções esta é a que menos me agrada. Seja do meu feitio (mais introvertido), seja pela situação em si, a verdade é que não me sinto muito à vontade quando tenho de contactar com os pais.
Não é que tenha tido uma má experiência, como essas que vão circulando pelas nossas escolas, que todos os dias ouvimos (afinal, a má educação de certos alunos é fruto da educação recebida em casa). Mas reparem que também não é fácil transmitir uma imagem dos filhos que alguns pais não conhecem – parecem autênticos casos de dupla personalidade – a da escola e a da casa.

Entre os vários tipos de pais que vão “circulando”pelas diferentes direcções de turma, louvo os pais da minha direcção que se preocupam em saber se os seus filhos não faltam ao respeito aos professores.

Resignam-se pelas notas que os filhos apresentam: “Eu bem o vejo a estudar; pelo menos com os livros abertos está…”;
Resignam-se pelo facto de estes não prosseguirem os estudos: “O importante é ter o 9º ano agora, e não andar a tirá-lo à noite como eu…”.

Talvez se estes mostrassem uma maior preocupação pela verificação do estudo dos seus filhos, se tentassem perceber mais cedo uma ou outra dificuldade, se informassem junto do Director de Turma ao longo do ano e não apenas no final de cada período ou então, como muitos por aí, exclusivamente no final do ano, no derradeiro período...

No fundo, até compreendo. Lutam, esforçam, fazem sacrifícios todos os dias para garantir um futuro aos seus filhos, melhor do que alguns hoje têm, com oportunidades que no seu tempo não tiveram...

Mas um Director de Turma fica sempre um pouco embaraçado quando uma pai/mãe o questiona sobre a possibilidade do seu filho transitar de ano... Que responder? É que em muitos casos esta situação deve-se a uma total falta de estudo, a um "arrumar" prévio dos livros... E mesmo tendo consciência dos filhos que têm, não deve ser fácil ver um filho repetir o ano, uma e outra vez...

3 comentários:

A Flor disse...

Olá linda! :)) Como vais?

Essa tua profissão continua a dar-Te algumas preocupações, não é mesmo? :D

Eu tento ser uma mãe presente nos "estudos" do meu filho Pedro... não posso fazer o mesmo com o meu filho Hugo, porque ele vive em Leiria com o pai... mas aconselho-o muito e questiono-o sobre tudo... enfim, tento dar o meu melhor como mãe, encarregada de educação e amiga....

Fica bem, fica com Deus

Recebe um beijinho doce no teu coração.

Flor com saudades

:)

Delfim Peixoto disse...

Convido-te a assinar a Petição contra a assinatura do acordo
Abraço

Stôra disse...

Deve ser bem triste verificar que os Educandos repetem o ano e ainda por cima no 2º período do ano repetido continuam a apresentar 9 negativas! (tenho 5 casos desses!)
*Beijinhos*