quinta-feira, 29 de março de 2007

Balanço de final de período

Finalmente em interrupção lectiva, a tal que eu referi no post anterior como MERECIDA!
E acreditem que é, depois desta semana intensa (e intensiva de reuniões).

Eu já o disse por aqui e volto a repetir - Detesto a época de avaliações! Horas e horas a ponderar, a reflectir sobre o trabalho desenvolvido e a nota merecida. E quando já pensamos que temos tudo pensado, voltamos a "pegar" nos apontamentos e reflectimos melhor se aquela é realmente a nota merecida.

Depois são os colegas, sim, porque eles também têm de merecer referência, uns pela positiva, outros pela negativa.

Há colegas que, não sendo Directores de Turma, vão para as reuniões com ar de quem já está de férias e o que querem é despachar aquilo o mais depressa possível;

Há colegas que, não fazendo devidamente o seu TDC (entenda-se Trabalho de Casa), estão nas reuniões cheios de dúvidas acerca dos níveis a atribuir e atrasam a reunião;

Há colegas, que não sendo Directores de Turma e tendo feito o TDC, logo não têm nada mais que fazer, estão nas reuniões a comentar cada um dos garotos mencionados com histórias que em nada os beneficia (ou prejudica);

Há colegas (como eu), que sendo Directores de Turma (como eu), andam em stress com medo de não ter tudo preparado (como eu), com medo de que algo corra mal (como eu)...

Para a reunião levei o máximo de trabalho adiantado, para que não se prolongasse demasiado. A reunião fluiu naturalmente, os assuntos foram tratados, a burocracia devidamente preenchida, embora as conversas paralelas existissem, sendo necessário de vez em quando chamar a atenção de determinados colegas. O P. (fica aqui a merecida e prometida referência) foi novamente o sacrificado do computador a registar os níveis nos registos de avaliação (tarefa na qual já está perito :) fazendo-a em todas as reuniões em que participa) e logo na segunda-feira consegui entregar e verificar todo o material. Uf, que alívio!

As reuniões prolongaram-se até quarta-feira e da parte da tarde ainda tivemos "direito" a uma reunião geral de Agrupamento, incluindo funcionários. Um auditório completo, um assunto sério, uma semana em cheio!

Mas sabem, fica-se triste, quando após um período de trabalho (em especial dos professores) não se verificam grandes melhorias nas notas dos garotos, bem pelo contrário, alguns ainda conseguem fazer pior. Fico triste com a situação, mas tenho consciência que fiz a minha parte e não depende só da minha vontade, nem de um Conselho de Turma. Se eles não se aplicarem não há milagres!

De volta a casa, ao ninho, resta-me aproveitar estes dias de pausa para recuperar forças, preparar o próximo período e encher a barriga de amêndoas, em especial as de chocolate branco. Adoro!

sábado, 17 de março de 2007

A interrupção MERECIDA está à espreita...


Se espreitarmos com muita atenção, muita mesmo, já conseguimos ver lá ao fundo a merecida interrupção lectiva.

Merecida para todos, digo eu, depois de 3 meses de trabalho, reuniões, burocracias, testes e trabalhos corrigidos e outras coisas menos felizes (como agressões a alguns colegas nossos).
Mas a semana, melhor, as semanas que aí se aproximam são de intenso trabalho para todos nós. Já me estou a imaginar: notas para "dar" até 5ª feira, novos registos de avaliação, reunião de Conselho de Turma para preparar, enfim... O tempo não estica, bem pelo contrário, parece que está a encolher.

E contra tudo isto, já repararam como os dias nos convidam a sair, a apanhar este ar primaveril, a receber o abraço caloroso do sol que nos envolve?

Já repararam?

Então não o desperdicem e retirem uma hora do tempo que a escola nos preenche e apreciem esta Primavera que resolveu aparecer mais cedo. Vão até à praia e sintam o seu odor. De certeza que quando regressarem a casa o trabalho fluirá de maneira diferente, pois as pilhas foram renovadas!


sexta-feira, 9 de março de 2007

É anedota, não é?

Situação 1:

Estamos em Setembro, perante uma turma de 25 alunos do 7º ano de escolaridade. A professora apresenta-se e apresenta a disciplina de Ciências Físico-Químicas, a qual é nova para estes alunos. Depois de um pouco de diálogo:

Professora: E se possível faremos uma visita de estudo à Lua.

Timidamente um aluno ao fundo da sala levanta a mão:

Aluno: Não sei se a minha mãe me deixa ir. Tenho de pedir autorização.

Situação 2:

Numa outra turma, na mesma escola, numa aula de apresentação idêntica à anterior.

Professora: Tinha pensado fazer uma visita de estudo à Lua, mas o Conselho Executivo não autorizou.

Coro de alunos em protesto uníssono: É sempre a mesma coisa, o Conselho Executivo nunca nos deixa fazer nada...

Situação 3:

Escola diferente, aula do 8º ano sobre ondas sonoras e frequência.

Aluno A: Ó professora eu tenho um rádio que só apanha estações de rádio espanholas e apenas uma portuguesa.

Professora: Isso é porque o rádio foi comprado emEspanha.

Aluno A: Sim, foi comprado em Badajoz. Olha, não tinha pensado nisso.

Aluno B: Isso é a sério?

Professora: Claro.

Aluno B: Então o meu cunhado comprou um leitor de CD´s para o carro em Espanha…

Professora: Nesse caso as músicas que toca são espanholas.

Aluno B: Mesmo que sejam em inglês?

Professora: Claro. O leitor faz a tradução.

Aluno B: Que giro!

Nota ao leitor:

No final os alunos foram devidamente esclarecidos da situação.

Situação 4:

Numa aula experimental:

Aluno: Professora o protocolo diz para adicionar 2 espátulas de sal, mas nós só temos uma?!


ATENÇÃO: Não, isto não foi retirado de nenhum site da net, nem mesmo de nenhuma revista. Aconteceu de facto, em aulas minhas!

terça-feira, 6 de março de 2007

Já espancou um professor?

Bater em professores tornou-se o desporto favorito dos portugueses. Só no ano passado, segundo dados do Observatório de Segurança Escolar, houve 390 agressões a professores, o que, tendo em conta que o ano lectivo tem cerca de 180 dias de aulas, dá a luzida média de dois por dia. Por outro lado, a Linha SOS Professor anunciou que 40% dos docentes que a contactaram desde Setembro foram vítimas de agressões por parte de alunos e encarregados de educação. A ministra Maria de Lurdes Rodrigues está, pois, de parabéns por vários motivos não só foi ela a da ideia, inaugurando o seu memorável mandato a "bater" nos professores, acusando-os de todas as desgraças da Educação em Portugal, como o facto de os professores espancados acabarem, na maior parte dos casos, no hospital permitirá excluí-los de progressão na carreira, já que em boa hora se lembrou de pôr as faltas por doença a contar para a avaliação da sua assiduidade. A ministra promete agora "restituir" a autoridade às escolas. Pode imaginar-se o que isso quer dizer através do exemplo de autoridade já dado pelo CE da Escola EB 2+3 de Maceda (Ovar), que, no caso de uma professora pontapeada, mordida e ferida no couro cabeludo pela mãe de um aluno decidiu pôr um processo disciplinar à professora.

sábado, 3 de março de 2007

Assunto? Direcção de Turma, claro!

Falam, falam, falam, falam e não dizem nada. Fico chateada, com certeza que fico chateada!

Tive a reunião intercalar da minha direcção de turma esta semana. Os assuntos a abordar não seriam demorados, mas bolas, uma pessoa fica chateada quando 2 dias antes nos perguntam “Não vai demorar muito, pois não?”, “Tu despachas aquilo rápido, não é?”, e vai-se a ver são esses próprios que mais atraso provocam a discutir aquilo que o professor de Tecnológica costuma chamar baixinho de “discussão sobre o sexo dos anjos”.

Toda a gente está farta de reuniões, eu sei, eu também estou. Ainda para mais porque sendo Directora de Turma me vejo atolada em burocracias e papéis que nunca mais acabam – planos de recuperação para um lado, planos de acompanhamento para outro. E afinal, esses planos servirão para alguma coisa?

O que eu sei é que na minha turma não se verificaram melhorias, bem pelo contrário. Mas que posso eu fazer? Eu não sou mãe deles e vendo bem as coisas, se nem os próprios pais se preocupam, o que se pode esperar destes miúdos?

Desde que o ano começou que não tinha tido “queixa” da direcção de turma que me atribuíram. Repararam no tempo verbal? Pois, não tinha, porque nestes últimos dois meses tem sido demais. Talvez seja melhor fazer uma lista (e mesmo assim corro o risco de me escapar alguma coisa):

- faltas a aulas de substituição, com a consequente queixa de uma professora da turma ao Conselho Executivo, e nenhuma palavra à Directora de Turma;

- alunos que faltam 3 dias seguidos e que escondem dos pais estas faltas, que me mentem e até falsificam as justificações;

- pais que são chamados à escola, encolhem os ombros e me dizem “Que posso eu fazer? Para o ano não o deixo vir para a escola!”;

- pais que não demonstram qualquer interesse pelo aproveitamento do aluno, ao ponto de nem saberem quantas eram as negativas que o educando teve no 1º período e que dizem ao filho “ não assino mais nenhum teste negativo”, como se isso fosse um castigo que levasse esse aluno a obter um aproveitamento satisfatório;

- pais ou parentes próximos (penso que era tio) que dão palpites sobre a forma como se ensina na escola, como se fosse possível estar sentado ao lado de um aluno, a explicar enunciados, numa turma de 28!

- alunos que começam a revelar um comportamento mais irrequieto e até mesmo perturbador na sala de aula, a ponto de um deles receber uma falta disciplinar (segundo o próprio, foram essas as palavras da professora), da qual eu ainda não tomei conhecimento;

- alunos que faltam dias seguidos, supostamente por doença, e que não apresentam qualquer justificação por parte do encarregado de educação. “Oh senhora professora, eu tenho-me esquecido de lhe assinar a caderneta”;

- alunos que têm desentendimentos durante um jogo de futebol em Educação Física, típico destas idades, mas que levam o professor a fazer queixa directamente no Conselho Executivo. Por coincidência, eu estava na escola e soube do assunto, mas será que alguém me iria comunicar alguma coisa?

Porque será que tenho a sensação que sou a última a saber dos acontecimentos. Se sou a Directora de Turma, não devia o processo passar por mim, e eu depois o encaminharia ao Conselho Executivo?

Às vezes sinto-me actriz, melhor, mestre de disfarces (e eu nem aprecio o Carnaval) – ora sou mãe, ora polícia, ora advogada de acusação, ora advogada de defesa, secretária da burocracia, enfim quando arranjarei tempo para fazer aquilo que sei, ser professora?

Afinal, qual é o meu papel nisto tudo?