sábado, 27 de janeiro de 2007

Pensamento da Semana

Às vezes andamos mais desanimados, mais tristes, mais cansados. Mas acabamos por desabafar e então parece que ficamos mais leves.

A vida de professor em Portugal não está fácil, eu sei, vocês sabem. Mas a verdade é que não adianta desanimar. Nessas alturas pensemos numa coisa: O que nos move? Por que razão somos professores?

A resposta a estas (e outras perguntas) de certeza que nos ajudam a encarar o dia de outra forma, com um outro olhar... E sabem, no fundo (mas muito lá no fundo) em cada dia conseguimos encontrar uma criança, um aluno, que nos ajuda a perceber estas razões e que justifica a nossa profissão - através de um olhar, de um comentário, de uma aprendizagem que foi conseguida, através do nosso trabalho. E na certa este motivo chega para não desanimar e para acreditar que o outro dia será diferente. Sabem sou professora e a verdade é que não sei ser outra coisa (e no fundo também não sei se quero ser outra coisa).



Transmite entusiasmo aos teus alunos,
motivando-os para aprender,
para viver - levando-os a empenhar-se
no estudo e na vida.
Os teus alunos - e tu - ficarão muito mais ricos.
in A Arte de Ensinar

sábado, 20 de janeiro de 2007

No fim do arco-íris...

Às vezes penso que esta profissão é muito ingrata. Damos o que temos e o que não temos e nada recebemos em troca. Não estou a falar de aumento do ordenado, nem de uma colocação melhor, mas às vezes uma palavra de apoio ou o recebimento de uma manifestação de apreço por aquilo que fazemos. Na verdade estamos a formar os homens e mulheres de amanhã e não há ninguém que o reconheça!


Este post é resultado de uma reflexão pessoal sobre os posts que a Professorinha (colega bloguista) tem publicado no seu cantinho. A desilusão é notória a quem por lá passe, mas não é única (infelizmente) porque no fundo todos acabamos por a sentir. Esforçamo-nos por desenvolver aulas motivadoras para o estudo, por utilizar as últimas "novidades" do campo da pedagogia, associadas às últimas tecnologias. Tentamos tornar as nossas aulas modernas e na prática os nossos alunos não ligam a mínima para esse esforço.


No início de carreira, lembro-me de ouvir dizer que aquelas ideias todas e a vontade de trabalhar iam desaparecendo com o tempo, que no fundo, isso era fruto da idade, e da novidade de ter acabado o curso. Na altura pensava que não, que essas atitudes estavam com a pessoa e que dependia dela não as perder. Hoje sei bem que não é assim. Eu ainda tenho essas atitudes, essa vontade de inovar, e trabalho com colegas que também as têm, mas de facto os nossos alunos não se interessam por uma aula diferente, por uma metodologia de trabalho que fuja da rotina. Hoje os nossos alunos não querem trabalhar, não querem fazer o mínimo esforço e é natural que fiquemos desanimados, desiludidos.


No outro dia, em conversa na escola, falava-se da utilização de projectores na sala de aula e aulas em power point, tecnologia que parece estar em franco desenvolvimento, havendo algumas escolas que já estão a apostar neste campo. Alguns colegas confessavam que não viam interesse nisso, não por eles não se interessarem, mas pelo facto dos alunos não o apreciarem. E infelizmente é verdade. Devido ao carácter prático da minha disciplina, tento fazer várias actividades experimentais, que tentam, ou motivar para o estudo, ou comprovar a teoria. Mas de ano para ano noto que nem isso os motiva. Fazem a actividade mas não sabem concretamente o que estão a fazer (apesar de eu ler com eles o protocolo e explicar-lhes ao pormenor em que consiste). Simplesmente a escola não lhes diz nada. A juntar a isto tudo está a má educação que parece ser crescente nos nossos alunos, a resposta sempre pronta na ponta da língua, a falta de respeito pelo trabalho desnvolvido. Enfim... Parece que em vez de melhorar, está a piorar.

Ainda não perdi a esperança, e apesar de por vezes me sentir desanimada no fim de uma aula, ainda mantenho a esperança que com a próxima turma seja diferente. Ou então, no próximo ano... Ser positiva acima de tudo (mas até quando?).


A lenda conta que no fim do arco-íris encontramos um pote de moedas de ouro. Não, não é isso que eu procuro. O que eu desejo mesmo é encontrar uma escola onde um professor seja valorizado pelo seu trabalho, onde os alunos se interessem por aprender e até mesmo por ensinar, onde haja respeito por todos. Dizem que é difícil encontrar o fim do arco-íris, quem sabe não tenho sorte?! Alguém me quer acompanhar?


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Finalmente foi publicado e parece que entra hoje em vigor!


Lutamos, gritamos, manifestamos, mas parece que ninguém nos ouviu. O ensino não anda bem em Portugal, e a culpa pelos vistos é dos professores. Até pode ser, porque na vida há sempre um justo que paga pelo pecador ( e bem sabemos que existem colegas menos correctos). Mas antes de nos levantarem o dedo e nos acusarem, ponham-se na nossa pele, visitem as nossas escolas e passem um dia ao nosso lado, com as turmas com que diariamente temos de lidar. E depois sim, depois acusem-nos de sermos malandros, de não termos competência para ensinar. Mas não nos acusem sem saberem o que é estar diante de 30 garotos que a única coisa em que pensam é divertir-se, falar ao telemóvel, brincar com os colegas e que nos dizem que não estão para nos aturar, porque aquilo que temos para lhes dizer não lhes interessa nada. Sabem uma coisa, cada vez é mais difícil ser Professor neste país...

sábado, 13 de janeiro de 2007

Uma semana nada fácil...

Mais uma semana de aulas que chegou ao fim, finalmente...

Esta não foi uma semana fácil. A minha escola parece um barril de pólvora, prestes a explodir. O clima é estranho e agrava-se ao final do dia. Tudo por causa de conflitos de miúdos (e graúdos), entre a escola básica e a secundária, que se traduziram em ajustes de contas. Na segunda feira, a escola foi invadida literalmente por alunos da secundária. Ninguém percebeu como foi possivel entrarem na escola, mas a verdade é que há uma falha em termos de segurança na hora de saída. Conclusão, nos dias seguintes a GNR esteve a "patrulhar" a zona.

Sente-se um clima de instabilidade. Os miúdos das duas escolas apanham o mesmo transporte por isso podem imaginar... E depois basta andarem 2 à luta para logo se juntarem mais meia dúzia. Ontem (6ª feira) foi o susto - 20 garotos da escola secundária voltam a "atacar" e novamente a GNR foi chamada a intervir. A insegurança é de tal ordem que os professores que saem às 18h30 (hora a que terminam as aulas) esperam sempre 15 a 20 minutos antes de irem embora.

Pelo que dizem os colegas mais antigos, nos anos anteriores não era assim. A situação está a ficar complicada e ninguém sabe onde isto irá parar. Já há quem compare esta escola com as do Porto. Pessoalmente, espero que não atinja esse limite, mas confesso que nos meus anos de serviço este é o primeiro em que utilizo mais vezes a caderneta dos alunos para enviar mensagens aos Encarregados de Educação. Só ontem numa aula foram 4 (!!). Ou são os miúdos que são diferentes (e para pior) ou sou eu que já estou a perder a paciência (ou serão as duas razões).

Mas a semana não termina por aqui. A minha sexta feira termina com a área curricular "Área de Projecto". Não sei se já o disse, mas esta é uma área que eu não gosto muito de trabalhar. Por azar (talvez) a turma à minha responsabilidade é aquela que eu considero a mais problemática, das minhas 5. Só ontem foram cerca de 90 minutos para formar novos grupos de trabalho pois não estavam a conseguir entenderem-se (quase que se matavam). Depois é a própria ideia de área de projecto, pois eles pensam que podem fazer o trabalho que querem, mesmo que o tema de um grupo não tenha nada a ver com o outro. Desculpem-me que eu posso estar enganada, mas no meu ponto de vista esse não é o verdadeiro objecto desta área curricular. A ideia é definir um tema de um projecto, que será igual na turma, e depois cada grupo irá desenvolver um sub-tema relacionado com o tema definido. E perceberem isto...?

Sabem, depois de uma semana destas sabe bem o descanso no ninho! Por isso, aproveitem este fim-de-semana da melhor maneira possível.

Quanto a mim, vou descansar as ideias em frente ao mar...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

De volta à normalidade (ou quase)!

Depois dos enfeites, das festas, dos presentes e dos doces (muitos doces!) é tempo de voltar à normalidade, à rotina do quotidiano, das viagens, das aulas... Enfim, Regresso às Aulas - Parte II!

A primeira semana foi curta (oh, como era bom se fosse sempre assim...) mas também não se podia pedir muito, depois dos dias de festas que estivemos a viver. Até os miúdos estavam "adormecidos" - que pena não estarem sempre assim!

Assim, esta será a primeira semana de trabalho, em pleno, de 2007.

E logo a abrir a reunião para entrega das avaliações. Foi rápida (não sei se fui rápida demais), mas a verdade é que eu não tinha muito a dizer (e os pais também não quiseram perguntar nada). Por isso, limitei-me a informar os pais presentes (apareceram 17 em 27 alunos) do aproveitamento e comportamento da turma, chamando a atenção para a "fiscalização" das cadernetas (sim, porque eles são uns peritos na arte de "esconder" a caderneta).

Será que me escapou alguma coisa? Não me deram nenhumas indicações e não sendo uma turma com problemas (graças a Deus, que eu sou novata) não tinha muito mais a dizer.

No final só ficaram os pais dos alunos com Planos de Recuperação (para os assinarem e perceberem para que servem) e terminei a reunião. Será que realmente não me escapou nada?

E lá estamos de regresso ao trabalho, com aulitas para preparar (sim, férias são férias e estas foram-no na verdadeira acepção da palavra (pelo menos no que diz respeito a férias de escola)).


Bom regresso ao trabalho!!!!


P.S. Só por curiosidade. Na rádio estão a dizer que hoje é dia de "Limpar a Secretária". Há dias para tudo, enfim...

Receita para um Ano Feliz

Tome 12 meses completos.

Limpe-os cuidadosamente de toda a amargura, ódio e inveja.

Corte cada mês em 28, 30, ou 31 pedaços diferentes, mas não cozinhe todos ao mesmo tempo.

Prepare um dia de cada vez com os seguintes ingredientes:

- Uma parte de fé
- Uma parte de paciência
- Uma parte de coragem
- Uma parte de trabalho

Junte a cada dia uma parte de esperança, de felicidade e amabilidade.

Misture bem, com uma parte de oração, uma parte de meditação e uma parte de entrega.

Tempere com uma dose de bom espírito, uma pitada de alegria e um pouco de acção, e uma boa medida de humor.

Coloque tudo num recipiente de amor.

Cozinhe bem, ao fogo de uma alegria radiante.

Guarneça com um sorriso e sirva sem reserva.


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